Da mais fria das cores frias, o moderno e gigante Ligeirão Azul veio para refrescar o trânsito - sendo fresco o azul - e se associar ao velho cisma da "Curitiba, a fria". Considerado o maior ônibus do mundo, o Mega BRT tem 28 metros de cumprimento, 2,5 metros de largura, capacidade para 250 passageiros e sua cor deve ter passado pela Junta Cromática do Ippuc (JCI), pois o azul é tudo do que o trânsito de Curitiba está precisando: o azul-marinho nos faz sentir descontraídos e calmos. O azul claro e o azul-celeste nos fazem sentir protegidos de todo o alvoroço das atividades do dia. O azul ajuda ainda a controlar a mente, a ter clareza de ideias e a ser criativo.
A JCI é mais velha que o Ligeirinho. Nasceu junto com o Expresso, no início da década de 70, quando o prefeito Jaime Lerner convocou uma mesa redonda para se chegar a um consenso quanto à cor da cidade.
Presidindo aquela paleta de opiniões, como não podia deixar de ser, o próprio Sol, este nosso poderoso fornecedor de tintas.
- A cor de Curitiba é vermelha - disse o programador visual do Ippuc. Vermelhos, os Expressos, Articulados e Biarticulados cruzam diariamente os eixos Norte-Sul, Leste-Oeste e a região do Boqueirão, unindo em rosa-dos-ventos os limites da cidade.
O representante dos moradores do Centro argumentou:
- Paz, queremos paz. Branca é a cor de Curitiba, dos ônibus brancos da Linha Circular-Centro, que cobrem o miolo da cidade.
O porta-voz do Partido Verde levantou uma questão de ordem:
- Curitiba é a capital ecológica. Se isso é propaganda, não importa. Importa é a nossa vontade: Curitiba é verde. Verde dos ônibus Interbairros, que em círculos concêntricos se ampliam, unindo as entranhas da cidade.
- Se todos gostassem do verde, o que seria do amarelo? A cor dos ônibus convencionais! E por que não o alaranjado, a cor do ônibus Alimentador? - protestou o usuário.
- Vocês todos são muito conservadores, caretas - soltou a voz o pintor Rogério Dias. Curitiba tem as cores das minhas telas, todas as cores. É colorida como os ônibus da Linha Turismo. E a propósito, por que ainda não me convidaram para pintar os meus passarinhos na Linha Turismo?
A poeta Helena Kolody saiu em defesa de Dalton Trevisan:
- Cinza! Curitiba é cinza, da mesma cor da casa do Vampiro de Curitiba. Cinza do veloz Ligeirinho, de desenho moderno, da Estação Tubo que, com poucas paradas, diminui as distâncias pelo tempo.
Não se sabe detalhes da reunião da Junta Cromática do Ippuc que optou pelo Ligeirão Azul. Ao que parece, vai tudo azul na prefeitura e a tonalidade seria uma justa homenagem ao prefeito: Azul Ducci.